Para a minha irmã, Inah

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Não se é porque herdei a tua roupa, ou porque eu já copiei o teu corte de cabelo, porque escutei as tuas conversas literalmente por trás da porta, ou me incluí nas festas que ias.

Foram tantos anos cantando as mesmas músicas, fazendo os mesmos programas, escondendo os mesmos segredos, dormindo no mesmo quarto.

Mas em algum lugar desses, que só a saudade explica, ainda te vejo no mesmo quarto de estrelas coladas no teto.

Fui mascote da tua turma, fui tua aluna nas aulas imaginadas nos fins de semana, na mesma época em que dividíamos o controle remoto da tua TV de 14 polegadas.

Crescemos, mas a impressão que eu tenho toda vez que te encontro é uma parte de mim continua lá, te pedindo pra desligar o rádio antes de dormir.

Acho que esse é o poder das irmãs mais velhas: fazer a gente se sentir criança independente do tempo.

Sei que não é de propósito, mas, porque você existe, sinto que eu já nasci encubida de menos responsabilidades.

Você lavava as louças que eu só enxugava.

Você cozinhava enquanto eu botava a mesa.

Você dirigia para me dar carona.

Você passava as roupas e até hoje eu não aprendi.

Você é a minha noção do que é certo e a minha licença para não levar tudo tão a sério.

Os anos se passaram. Você virou adulta, eu virei uma adolescente com mais idade.

Não tem problema. Gosto de pensar que nos tornamos corajosas de maneiras tão diferentes.

Viemos para a vida juntas e continuaremos assim.

No que ficar entre nós duas, você decide o caminho.

Eu te acompanharei, orgulhosa de tudo que és e por tudo que conquistastes.