Este fim de semana presenciei um pedido de casamento.
Foi o meu primeiro pedido ao vivo e a cores
e também o mais emocionante.
O noivo estava de aniversário.
Depois do almoço, os convidados foram chamados para
assistir a uma homenagem surpresa feita pela irmã.
Primeiro as fotos de pequeno, depois na escola,
nas viagens de verão com a família,
com a namorada logo que se conheceram e ao passar dos anos.
Cabelos diferentes, cenários diferentes,
o amor de sempre em todas as fotos.
Parecia mesmo uma homenagem de aniversário
se não fosse pelo vídeo que interrompe a apresentação.
Sozinho, olhando direto para a câmera,
o próprio aniversariante conta sobre o quanto ama a namorada,
sobre como foram felizes esses últimos anos,
e passa a palavra para o cara sentado ao lado dela,
que deveria estar “tão emocionado quanto ele”.
O vídeo se enganou.
O cara ao lado dela estava muito mais emocionado.
Ajoelhou-se nos dois joelhos e fez a tão esperada pergunta.
Ninguém escutou o sim, mas a resposta estava ali.
Clara, soberana, indiscutível.
Ao ver o seu amado de joelhos,
ela imediatamente ajoelhou-se também.
Igualmente emocionados eles se abraçaram,
se beijaram, se olharam e se abraçaram mais.
Era o fim de um longo namoro e o início de uma nova família.
Diante deste desconcertante indício
de que de vez em quando o amor vence,
eu me dei conta de que a gente não quer um anel.
A gente quer uma história pra contar.
Uma história com começo, meio e fim
que nos dê argumentos para acreditar que
estamos nessa por amor.
Não por comodismo, não por praticidade, mas por amor.
Esse que nos faz apostar em tudo que é duvidoso.
Que nos faz preferir a pureza da dúvida.
Que nos faz abrir mão do cientificamente comprovado.
Ninguém pode garantir nada.
Nem para si nem para o outro.
A gente só quer que o outro acredite tanto quanto nós
que essa loucura pode dar certo.
É a coragem que faz o pedido de casamento tão bonito.
É por esse sopro de coragem que a gente espera a vida inteira.
Não é pelo anel.
O anel é o de menos.