Quem quebra a cara não quebra a cara

Cara é rosto, é um lado da moeda,

é um jeito amistoso de chamar alguém,

Cara é o contrário de barata,

Cara é mesmo que homem.

Cara a cara é frente a frente,

Ficar de cara é se impressionar.

Duas caras é falsidade.

Ir com a cara é simpatizar.

Logo de cara é imediatamente, 
Há uma cara é há muito tempo.
Cara-metade é par, 
Cara-de-pau não tem nada a ver com a cara.
A gente fala e nem se dá conta. 
A gente entende e nem se dá conta. 

Não é o máximo?

E que venha o amor com toda a sua imprudência

Este fim de semana presenciei um pedido de casamento.
Foi o meu primeiro pedido ao vivo e a cores 
e também o mais emocionante.
O noivo estava de aniversário. 
Depois do almoço, os convidados foram chamados para 
assistir a uma homenagem surpresa feita pela irmã.
Primeiro as fotos de pequeno, depois na escola,
nas viagens de verão com a família,
com a namorada logo que se conheceram e ao passar dos anos.
Cabelos diferentes, cenários diferentes, 
o amor de sempre em todas as fotos.
Parecia mesmo uma homenagem de aniversário 
se não fosse pelo vídeo que interrompe a apresentação.
Sozinho, olhando direto para a câmera,
o próprio aniversariante conta sobre o quanto ama a namorada,
sobre como foram felizes esses últimos anos,
e passa a palavra para o cara sentado ao lado dela,
que deveria estar “tão emocionado quanto ele”.
O vídeo se enganou.
O cara ao lado dela estava muito mais emocionado.
Ajoelhou-se nos dois joelhos e fez a tão esperada pergunta.
Ninguém escutou o sim, mas a resposta estava ali.
Clara, soberana, indiscutível.
Ao ver o seu amado de joelhos, 
ela imediatamente ajoelhou-se também.
Igualmente emocionados eles se abraçaram,
se beijaram, se olharam e se abraçaram mais.
Era o fim de um longo namoro e o início de uma nova família.
Diante deste desconcertante indício

de que de vez em quando o amor vence,

eu me dei conta de que a gente não quer um anel.
A gente quer uma história pra contar.
Uma história com começo, meio e fim
que nos dê argumentos para acreditar que
estamos nessa por amor.
Não por comodismo, não por praticidade, mas por amor.
Esse que nos faz apostar em tudo que é duvidoso.
Que nos faz preferir a pureza da dúvida.

Que nos faz abrir mão do cientificamente comprovado.

Ninguém pode garantir nada.
Nem para si nem para o outro.
A gente só quer que o outro acredite tanto quanto nós
que essa loucura pode dar certo.
É a coragem que faz o pedido de casamento tão bonito.
É por esse sopro de coragem que a gente espera a vida inteira.
Não é pelo anel.
O anel é o de menos.